2024 Será Azul?
Bruno Tavares – Vice-Presidente da Praticagem de São Paulo
O calor também chegou aos oceanos. A agência climática europeia Copernicus afirmou que o ano de 2023 foi o ano mais quente em 100 mil anos! Estudo anual do Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências em Pequim revela que em 2023, os oceanos do mundo absorveram mais calor do que em qualquer outro ano desde o início dos registros. Notícia bem preocupante se pensarmos que a própria NASA divulga que noventa por cento do aquecimento global acontece nos oceanos, aumentando a temperatura interna da água desde 1955.
Como sabemos, o crescimento econômico depende dos oceanos para conectar os continentes, transportar mercadorias, alimentos, energia e bens de consumo, mas o impacto também exige soluções para enfrentar os desafios na busca pela descarbonização do setor marítimo.
Se por um lado o hidrogênio verde aparece como um grande “salvador da pátria”, por usar fontes renováveis e não emitir gás carbônico, por outro já se sabe que em termos competitivos a desvantagem é grande. Projeção da Bain & Company indica que o H2V só vai ficar mais acessível entre 2028 e 2030. E até lá, como ficamos?
A tão falada economia azul, que pode contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades, ainda está engatinhando em nosso país. Ela não depende apenas do ecoturismo e do aproveitamento dos recursos que vêm do mar, implica, principalmente, em condições amplas como o saneamento básico, oceano saudável, biodiversidade e ecossistemas protegidos, educação ambiental e incentivos, geração de empregos, desenvolvimento das cidades costeiras, a alfabetização e segurança alimentar.
Economia azul depende de condições e práticas sustentáveis, como renovar os padrões de pesca e incentivar a reciclagem de navios. Os recursos disponíveis devem ser alinhados de forma justa e a tecnologia pode orientar mudanças e decisões estratégicas, diminuindo custos, ampliando a precisão e a exploração do mar com mais segurança.
Traz certo alento acompanhar as notícias mostrando que tanto as grandes empresas quanto os governos mostram empenho em buscar soluções para um futuro mais limpo. A indústria de transporte marítimo avança em criar embarcações antimetano e já tivemos no Brasil o primeiro cargueiro do mundo a navegar movido pela energia do vento, o Pyxis Ocean.
Como vivemos em uma cidade como Santos, onde o mar faz parte das nossas vidas, o alerta para a saúde dos oceanos e para o futuro do Planeta deve começar em nossa comunidade. Há muitas formas de contribuir para tornar a nossa “pequena porção de mar” melhor cuidada e aproveitada.
Governos, empresas e entidades da nossa região podem e devem incentivar ações que podem ser realizadas no dia a dia em benefício dos oceanos. Muito além de conscientizar funcionários, clientes e comunidades, é preciso apoiar e reconhecer quem cuida do meio ambiente. O futuro será azul quando todos também fizerem escolhas conscientes em casa, na escola, no trabalho, no bairro, na vida cotidiana.
Fazer uma grande campanha por um futuro azul poderia ser um belo presente de aniversário para a cidade de Santos.